quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um cãozinho pra chamar de meu

Desde criança eu quis ter um cachorrinho. Uma tia minha tinha 5 e todas as férias ia pra casa dela me acabar com as travessuras daqueles Poodles. Eu corria, pulava, dava banho, dormia agarrada com eles... Era tudo uma festa até acabar as férias. Depois disso vinha aquela saudade enorme e a imensa vontade de ter um cãozinho pra chamar de meu.
Ano após ano eu insisti, implorei a minha mãe pra termos um. Porém, havia sempre a desculpa de que o prédio não permitia cães e gatos de estimação. Então, ano após ano, experimentei ter pintinhos (distribuídos ao final de uma tradicional feira de cães e gatos aqui da minha cidade), peixes, tartarugas, passarinhos. Nada deu certo. Todos morriam, mais cedo ou mais tarde. Eu me apegava a eles no início, mas no fim minha mãe era quem cuidava e eu continuava com a frustração de não ter um cãozinho.
Anos mais tarde, com um síndico novo e uns condôminos rebeldes, estabeleceu-se que o prédio permitiria que seus tristes moradores a ter animaizinhos de estimação. Com essa notícia, minha mãe perdeu seus argumentos. Então, assim que uma das cadelas de minha tia deu filhote, raptei um pra mim. Ele se chamava Tchuck...isso mesmo, aquele do brinquedo assassino :) Porém, ele não tinha nada de assassino, ele era doce e lindo de morrer, porém muito escandaloso. Latia, latia, latia e latia mais. Aí, meu sonho foi por água a baixo mais uma vez. A síndica deu ultimato e tivemos que retomar o filhote para a sua mãe.
Bem mais tarde, quando eu já estava na faculdade, uma colega de trabalho da minha mãe ofereceu uma filhote de Beagle pra nós. Ela tinha câncer e não tinha mais forças e tempo pra cuidar da pequena. Sendo assim, um belo dia aquela sapeca linda chegou em casa. No momento em que colocou as patinhas no recinto já saiu correndo, fazendo festa e fazendo cocô por toda parte. Ela ficou comigo somente por 2 meses. Depois de muitos cocôs no meio do tapete da sala e de ter roído a tábua do sofá de madeira da minha mãe, a Maricota esgotou com toda a paciência que minha mãe possuía. Minha mãe me obrigou a dar a pobrezinha. Eu tive que enviá-la pra minha sogra que mora em Cabo Frio. Foi uma experiência extremamente traumática porque, além de estar dando uma coisinha tão amada e que eu queria tanto, depois de 1 mês de estada em Cabo Frio fiquei sabendo que a Maricota aproveitou um descuido com o portão aberto e fugiu. Quase me acabei de tanto chorar. Fui muito, muito triste.

Passaram-se mais alguns anos, eu e Namorido estavamos mais juntos na casa dele do que eu na casa de mamãe e eis que surge o Jack na minha monótona vida. Um belo dia, meu dentista me liga e pergunta se eu aceitaria ficar com o cão dele, pois o pêlo dele estava lhe dando inúmeras alergias. Com a nossa iminente mudança pra um ap maior e a imensa vontade do Namorido de me agradar, pegamos o Jack pra nós.

No início Namorido não gostou muito. Disse: você é quem vai cuidar, dar banho, levar pra passear, tudo. Eu aceitei prontamente. Tudo o que eu queria era ter o MEU cachorrinho que ninguém poderia mandar embora ou expulsar da minha vida. Então o Jack veio de mansinho, e se instalou nos nossos corações. Ele faz suas necessidades sempre no lugar certo, late muito pouco, é mega brincalhão e adora visitas. Carente, sociável, amigo, companheiro... ele é tudo pra mim.

Aí você pode estar pensando, como muitos já me disseram: você está precisando de um filho pra chamar de seu. Pode até ser. Pode ser que se eu tivesse engravidado antes do Jack entrar na minha vida, esse cãozinho não fosse uma peça tão central na minha existência. Porém, não acredito que ia amá-lo menos ou que ia deixar de querer ter um cãozinho pra mim. Acho que as experiências que a gente passa na infãncia são muito marcantes e a gente leva pra toda a vida. Se eu não tivesse o Jack, com certeza iria continuar com aquela vontade, aquele aperto no peito quando via um filhote na rua. Com certeza ainda iria querer muito um cãozinho só pra mim.
PS: Todas as fotos são do meu querido e amado Jack.

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