quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Dois lados de uma mesma moeda



Esse mês aconteceu uma coisa muito legal e muito triste ao mesmo tempo.Consegui vender a casa que meus avós deixaram pra mim e pro meu pai quando faleceram.

Colocamos a casa pra vender em julho de 2006. Ficamos na espectativa de conseguir vendê-la até 2007. Programamos milhões de coisas, fizemos inúmeros planos, mas nada da casa ser vendida. Em 2007 recebemos várias propostas, chegamos até a tirar todas as certidões para um comprador, mas quando chegou a hora H, o homem desistiu da compra. Resultado, além de não ganharmos, ainda estávamos perdendo dinheiro.

No fim de 2007 eu e Namorido resolvemos parar de fantasiar e deixar o barco rolar. Aí, parece que Deus ouviu finalmente as minhas preces, pois foi só virar o ano e os procedimentos pra venda da casa estavam todos encaminhados.

Fizemos o contrato de compra e venda e lá fomos nós (eu e papai) pra Três Rios dar continuidade ao negócio. Pegamos o carro felizes da vida, mas quando pegamos a serra...começou um aperto no peito, uma vontade de chorar...lembrei de tantos momentos bons, risadas, balançadas na rede...tantos momentos gostosos naquela casa. Sem falar que aquela casa foi construída pelas mãos do meu avô, com muito suor e sacrifício. Minha avó sempre cuidou dela com o maior carinho do mundo, tanto que até hoje o piso, os asulejos estão em perfeita forma. O desgaste é do tempo...mais do tempo que a deixamos lá vazia e abandonada do que de quando eles moravam lá.


Agora, escaneando as fotos pra postar aqui, chorei sorrindo ao lembrar do sorriso dos dois, do amor que eles tinham por mim, do carinho e atenção integral que dedicaram a mim e ao meu futuro. Meus avós era dois anjinhos na terra e vender a casa me soa como desfazer da última coisa, do último pedacinho dos dois na Terra. Afff...(suspiro)... No fundo sei que não é isso. Sei que os dois deixaram a casa pra isso mesmo, pra que o dinheiro renda coisas boas pra mim e pro meu pai, mas mesmo assim dá uma dor...um nó na garganta.

Terça ou quarta da semana que vem vamos lá assinar a transferência da escritura para os novos donos. Felizmente e coincidentemente, os novos donos conheciam meus avós. A senhora (Dona Marijane) que morará lá disse que já tinha ido muitas vezes lá na casa encomendar e provar as roupas que minha avó fazia. Fez enormes elogios a sua competência, disse que era uma ótima costureira, que era pontual e caprichosa. Eu sei disso. Ela fez inúmeros vestidos pra mim e eu sempre reclamava de prová-los com aquela infinidade de alfinetes. Agora isso me dá o maior arrependimento. Ela fazia com o maior carinho e eu reclamando...Mas é assim mesmo, a gente tende a ver com mais clareza os atos dos outros quando eles não estão mais do nosso lado. Não que na época eu não soubesse que ela fazia com amor, mas isso não me impedia de reclamar...devia ter impedido.

Eu devia ter ido mais a Três Rios. Ia sempre achando ruim, pois meus outros avós moravam em Cabo Frio e pra uma criança a praia é um atrativo infinitamente maior do que a serra. Mas meus pais forçavam a barra e eu ia...quando chegava me acabava de brincar com os cachorros, balançar na rede. ficava o dia todo na varanda correndo e brincando. Criança de apartamento quando é solta em um quintal, já viu né? Era machucado no joelho, no cotovelo, nas mãos...Chegando lá era uma festa, mas se me perguntassem amtes eu preferiria ter ido a Cabo Frio...criança idiota!

Agora só me resta pensar muito bem antes de gastar o dinheiro. Raciocinar bastante antes de tomar alguma decisão, pra que eles possam se orgulhar de mim lá de cima.
Fotos na casa de 3 Rios:
Foto01 - vovô Remo
Foto02 - vovô, eu com 8 meses e vovó Nazir
Foto03 - eu com 2 anos
Foto 05 - eu com 2 anos também
Últimas fotos - eu com 8 meses com meu pai e minha avó

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Fernanada, não conheço 3 Rios ams já fui muito a Cabo Frio e sempre gostei mais de praia tb. Montanhas me davam bronquite... e eu ía bastante a Petróplis e Nogueira.

Adorei suas fotos antigas!

bjs