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Numa caminhada pelo centro da cidade, Renata Capucci e o repórter cinematográfico Ricardo Carvalho encontraram várias. Mulheres tão nobres quanto às de antigamente.
O nome era pomposo e a dona também: Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon foi infanta de Espanha, princesa do Brasil e rainha de Portugal por seu casamento com Dom João VI. Mas jamais foi a sombra do marido.
A austríaca Carolina Josefa Leopoldina, ao contrário da sogra, era recatada e submissa. Chegou ao Brasil em 1817 para se casar com Dom Pedro I.
E o que dizer da matriarca? A mãe de Dom João, rainha Dona Maria, foi a primeira mulher a reinar em Portugal. Mas teve que deixar o trono por conta de problemas psiquiátricos. Ficou conhecida como a louca.
Elas tinham personalidades distintas e viviam realidades muito diferentes da nossa. Será mesmo? Conversando com mulheres comuns, nas ruas do Rio, do século 21, a gente encontra muitas semelhanças entre as nobres e as rainhas do cotidiano carioca.
“Não há diferença porque somos mulheres. Começando por aí. Mulher é mulher. Seja no tempo em que for”, diz uma mulher.
“Eu adoro a minha família. Eu sou uma pessoa que me dou muito pra família”, diz outra.
A imperatriz Leopoldina teve sete filhos com Dom Pedro. “
Não tenho filhos, mas tenho vários sobrinhos e é assim um orgulho. Eu adoro cuidar deles”, afirma.
Carlota joaquina teve nove filhos: 5 meninas e 4 meninos.
“Nos momentos em que tem que ser durona, eu sou durona. Mas fora isso eu sou um pouco carinhosa”, diz a jovem mãe.
Carlota Joaquina e a sogra, Dona Maria, tinham uma relação de mãe e filha.
“Eu tenho uma filha que se formou em professora. Outra está se formando em marketing - a formatura é dia 24. Então isso pra mim já paga todo o meu trabalho, o meu esforço”, diz uma mulher.
Fora o envolvimento com a política e a personalidade forte, Carlota e Dona Maria também tinham em comum a fé.
“Tem horas que eu fico pensando. O que Deus faz por mim. Que eu sou uma criatura que já tive entre a vida e a morte e hoje estou aqui. Trabalhando, com garra. Todo o dia em venho por meu serviço. Chego à noite em casa e sempre com aquela garra. Sempre pedindo a Deus para me dar força”, conta uma senhora.
Aqui no Brasil, os problemas mentais de Dona Maria pioraram muito. “Era louca daquelas que davam surtos, gritos.”, conta o historiador Nonato Duque Estrada.
“Todo o dia acordando cedo. Fazendo comida, meranda paro o filho levar pro colégio. Fazendo dever de casa. Pesquisa da escola. Corre, toma banho, almoça, sai pra trabalhar, volta correndo faz a janta, aquela correria é duro. De vez em quando dá vontade de dar um grito e eu faço isso”, conta uma mulher.
Carlota não era bonita mas tinha fama de conquistadora. Leopoldina teve olhos para um homem só.
“Sou viúva há 25 anos. Eu era a rainha da casa porque o meu marido me dava de um tudo que ele podia ele me dava”, conta a senhora.
“Quem me trata como uma rainha? Filhas, marido, amigos também. A gente no nosso mundo é uma rainha. Lutamos para ter as nossas coisas”, diz a mulher.
“Dá pra se sentir rainha por ter passado no vestibular. A gente estuda a vida inteira pensando no vestibular. Quando vê o nomezinho classificado do lado dá a melhor sensação do mundo”, acredita a jovem.
“O que me orgulha? De ser quem eu sou. Isso é tenho orgulho”, diz uma mulher.
“Ela vai sempre ser uma rainha, sempre ser uma princesa independente da condição social. Independente se o marido olha ou não. Veja se a comida está boa. Faça um elogio ou não. Ela será sempre a mãe. Sempre aquela que traz o amor e a bondade. Pra mim ser mulher é isso”, diz outra mulher.
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